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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Praticar esportes na infância e adolescência proporciona benefícios permanentes ao coração

imagem: Freepik* / reprodução

***O exercício promove uma série de adaptações para que o organismo responda mais adequadamente a situações de estresse.



Estudo conduzido por cientistas da Unesp envolveu 242 voluntários em torno de 40 anos. Resultados indicam que a melhora observada no controle da frequência cardíaca pelo sistema nervoso autônomo independe do nível de atividade física na fase adulta

A prática de esportes durante a infância e a adolescência confere benefícios cardiovasculares para a vida toda, independentemente de o indivíduo ser fisicamente ativo quando adulto. Foi o que mostrou um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) com 242 moradores da cidade de Santo Anastácio, no interior paulista.

De acordo com resultados divulgados na revista Sports Medicine Open, as vantagens observadas estão relacionadas à modulação autonômica cardíaca (controle da frequência cardíaca pelo sistema nervoso autônomo), um importante marcador de risco cardiovascular e de mortalidade.

"Analisamos a prática esportiva neste estudo porque ela é mais fácil de ser lembrada pelas pessoas. E conseguimos ajustar os dados, separando o que era benefício cardiovascular resultante da prática esportiva na infância ou adolescência e o que provinha de atividade física atual", explica à Agência FAPESP Diego Christofaro, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus de Presidente Prudente, e autor principal do artigo.

Desse modo, acrescenta o pesquisador, foi possível concluir que o exercício físico funciona como uma "poupança" para ser usada ao longo da vida. "Os benefícios para o sistema autonômico cardíaco parecem ser permanentes", afirma.

Como lembra Christofaro, o sistema nervoso autônomo é dividido em dois ramos principais: o parassimpático (que entre outras coisas faz o coração desacelerar) e o simpático (responsável por aumentar a frequência cardíaca). O bom funcionamento cardiovascular exige um equilíbrio entre esses dois mecanismos.

"Sabemos que o exercício físico é um estressor, tanto que o esperado é que a frequência cardíaca e a pressão arterial aumentem durante a prática de exercício. Isso se deve, em parte, a ajustes do sistema nervoso autônomo. Mas o que acontece com o organismo quando ocorre a prática regular de esportes na infância e adolescência? Vão surgindo adaptações para chegar ao equilíbrio ideal, com predominância do parassimpático", relata o pesquisador.

Ou seja, o exercício promove uma série de adaptações para que o organismo responda mais adequadamente a situações de estresse. E isso se mantém mesmo que a atividade física seja menor na vida adulta.

Metodologia

Conduzido com apoio da FAPESP, o estudo populacional envolveu entrevistas com os 242 voluntários (na qual recordaram o histórico de prática esportiva), que tinham em média 40 anos de idade. Também foram feitos testes para identificar parâmetros da modulação autonômica cardíaca.

Os participantes usaram sensores vestíveis, que captam os batimentos cardíacos e transferem os dados para um relógio, bem como um acelerômetro, dispositivo preso à cintura durante uma semana para quantificar o tempo e a intensidade da atividade física no dia a dia (ver foto abaixo).


foto: Diego Christofaro/Unesp

Segundo as análises, os indivíduos que praticaram esportes na infância ou adolescência apresentaram melhores parâmetros tanto na variabilidade global da modulação autonômica cardíaca quanto da modulação parassimpática, independentemente do nível de atividade física registrado durante o experimento.

"Esses resultados são mais um argumento a favor de que a prática esportiva seja incentivada desde cedo", ressalta Christofaro.

O artigo Association of Sports Practice in Childhood and Adolescence with Cardiac Autonomic Modulation in Adulthood: A Retrospective Epidemiological Study pode ser lido em: https://sportsmedicine-open.springeropen.com/articles/10.1186/s40798-024-00707-7.

Fonte:  DigitalRadioTv / Maria Fernanda Ziegler/ Agência FAPESP

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